Tratamento do câncer de próstata: prostatectomia laparoscópica simples e robótica

escrito por
Dr. Pedro Henrique Cabral
2/12/2024 6:36 PM
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A Prostatectomia Radical é a cirurgia realizada para o tratamento do câncer de próstata. Neste procedimento, a próstata é completamente removida juntamente com as vesículas seminais. É considerada uma das cirurgias mais desafiadoras da Urologia, pois o cirurgião deve remover completamente a próstata com câncer, preservando, simultaneamente, os nervos responsáveis pela ereção peniana e o músculo responsável pela contenção de urina.

Apesar dos recentes aprimoramentos na técnica cirúrgica e uso da tecnologia para otimizar resultados, ainda existe a possibilidade de ocorrência de dois efeitos colaterais principais:

Impotência ou disfunção erétil = incapacidade de obter ereção satisfatória após a cirurgia.

Incontinência = incapacidade de segurar a urina, com vazamento de urina durante a tosse, espirro ou esforços físicos.

Quais são as técnicas de Prostatectomia Radical?

Existem 4 técnicas principais:

Perineal – através de um corte na região entre o escroto e o ânus. Pode ser útil em obesos, mas é pouco realizada mundialmente.

A céu aberto – feita por via abdominal, através de uma incisão no abdome inferior.

Videolaparoscópica – através de incisões menores no abdome através do qual são colocados instrumentos cirúrgicos finos manuseados pelo cirurgião.

Robótica – com o auxílio do robô cirúrgico. Atualmente, a cirurgia robótica é considerada o padrão-ouro, isto é, o melhor método cirúrgico de tratamento do câncer de próstata. Ainda indisponível na cidade de Manaus, pois a plataforma robótica ainda não foi instalada em nenhum hospital público ou privado. Quando optam por robótica, costumamos operar nossos pacientes em São Paulo (Hospital Nove de Julho ou Sírio Libanês).

Veja as figuras abaixo para entender a diferença entre a cirurgia laparoscópica simples e a cirurgia robótica.

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Cirurgia laparoscópica: instrumentos introduzidos no interior do abdome são manuseados diretamente pelo cirurgião.

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Cirurgia robótica: os instrumentos introduzidos no corpo do paciente são conectados aos braços do robô. O cirurgião sentado no console controla estes braços.

Qual a melhor entre estas 4 técnicas?

A escolha do melhor método para realização da cirurgia deve ser feita em conjunto pelo paciente e seu Urologista, após discussão das vantagens, desvantagens e custos de cada uma. A melhor técnica para um paciente pode não ser a melhor técnica para outro. Dito isto, a Prostatectomia Robótica é atualmente considerada a melhor cirurgia. Atualmente temos operado nossos pacientes que optam por Robótica em São Paulo, nos hospitais Sírio-Libanês e Nove de Julho. Quando o paciente opta por cirurgia em Manaus, realizamos a técnica laparoscópica intraperitoneal.

Qual a chance da cirurgia curar o câncer de próstata?

A chance de cura de pacientes com doença localizada (não avançada, descoberta em exame periódico de próstata) é de 90-95%, o que é um excelente resultado em se tratando de um câncer. De modo geral, a chance de cura vai ficando menor em tumores mais avançados. Em casos em que já existem metástases (implantes do tumor em gânglios e em outros órgãos), é baixíssima a chance de cura, embora exista a possibilidade de controlar a doença com o bloqueio hormonal.

Qual a chance de ficar com perda de urina após a cirurgia?

A chance de algum grau de incontinência urinária (vazamento de urina) é de cerca de 5% (5 em cada 100 homens). A incontinência grave, aquela que requer uso de fraldas, é menos frequente: 2-4% dos casos. Embora inicialmente incontinentes, os pacientes em geral recuperam a capacidade de segurar a urina com o tempo. Com cirurgia robótica, a incontinência mais grave, persistente por mais de 6 meses, tem sido relatada em < 3% dos homens operados.

Qual a chance de disfunção erétil/impotência sexual após a cirurgia?

Atualmente, com os avanços na técnica cirúrgica e advento do robô, a maioria dos pacientes obtém ereção satisfatória após a cirurgia. Com uso da plataforma robótica, estudos têm demonstrado que 80-90% dos homens mais jovens e sem outras doenças como diabetes ficam potentes. Homens mais idosos, diabéticos e aqueles que já têm algum grau de disfunção erétil antes da cirurgia têm risco maior de ficarem impotentes. O tamanho e tipo do tumor também é importante, pois para remover um câncer maior e mais agressivo o cirurgião às vezes precisa “sacrificar” os nervos responsáveis pela ereção. Afinal, o mais importante é a remoção completa do tumor (princípio oncológico).

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