Rastreamento do câncer de rim: quem deve realizar?

Diferentemente de outros tipos de câncer, como o de próstata ou de mama, não existe um programa consolidado de rastreamento populacional para o câncer de rim. Isso porque se trata de um tumor menos frequente, o que torna o uso de exames de imagem em larga escala pouco viável em termos de custos.

O que é rastreamento de câncer de rim?

O rastreamento consiste na realização de exames em pessoas sem sintomas, aparentemente saudáveis, para detectar a doença em estágio inicial. Para o câncer renal, os principais métodos de rastreamento são:

• Ultrassonografia abdominal: exame mais acessível e sem radiação. Depende muito de um bom examinador, ou seja, de um ultrassonografista experiente.
• Tomografia computadorizada (TC): oferece imagens mais detalhadas, mas é mais caro e exige injeção de contraste.
• Ressonância magnética (RM): útil em casos de alto risco alérgicos ou com contraindicação ao contraste iodado.

Devo realizar exames de rastreamento para câncer de rim?

A resposta depende do seu perfil de risco individual. Diferentemente do** câncer de próstata, em que recomendamos o rastreamento por PSA** para todos os homens a partir de certa idade, o rastreamento universal para câncer de rim não é recomendado pelas principais diretrizes médicas mundiais.

O rastreamento é direcionado apenas para grupos específicos de alto risco para câncer de rim. Dito isto, para os meus pacientes de consultório que buscam uma avaliação urológica, indico pelo menos um exame de imagem abdominal, geralmente ultrassonografia feita por um examinador experiente.

Quem deve fazer rastreamento para câncer renal?

1. Pacientes com síndromes genéticas hereditárias

Cerca de 5-8% dos casos de câncer renal estão associados a síndromes hereditárias específicas:

• Doença de Von Hippel-Lindau (VHL): recomenda-se iniciar o rastreamento aos 15 anos ou antes disso. Muito importante seguimento médico desde a infância.
• Síndrome de Birt-Hogg-Dubé: rastreamento com RM ou TC a cada 1-2 anos, iniciando aos 20 anos.
• Carcinoma renal papilar hereditário: exames de imagem periódicos a partir dos 30 anos.
• Leiomiomatose hereditária e câncer renal: rastreamento com TC ou RM a cada 2 anos.

2. Pessoas com forte histórico familiar

Indivíduos com parentes de primeiro grau (pais, irmãos ou filhos) diagnosticados com câncer de rim têm risco aumentado, sobretudo nas seguintes situações:

• Diagnóstico em idade jovem (antes dos 45 anos).
• Mais de um caso na família.
• Tumores renais bilaterais ou múltiplos.

Para estes casos, recomendo avaliação com urologista especializado para aconselhamento genético e estabelecer um protocolo personalizado de rastreamento.

3. Pacientes com doença renal crônica em estágio avançado

Pessoas em diálise apresentam risco aumentado para câncer renal:

• Após 3 anos de diálise, o risco começa a aumentar.
• Após 10 anos, o risco pode ser até 100 vezes maior que na população geral.

Para estes pacientes, a ultrassonografia renal anual pode ser considerada como método de rastreamento.

4. Pacientes com exposição a fatores de risco específicos

Determinados grupos com exposição a fatores de risco conhecidos devem considerar avaliação periódica:

• Exposição ocupacional prolongada a agentes como tricloroetileno, cádmio ou asbesto.
• Pacientes com esclerose tuberosa, que têm maior risco de desenvolver angiomiolipomas renais.
• Histórico de tumor de Wilms na infância, que pode aumentar o risco de segundo tumor primário renal.

O que a ciência diz sobre o rastreamento do câncer renal?

O rastreamento universal para câncer renal não é custo-efetivo para a população geral. Por outro lado, a Associação Europeia de Urologia (EAU) reconhece o valor do rastreamento direcionado para grupos de alto risco, especialmente aqueles com predisposição genética, pois o diagnóstico precoce do câncer de rim aumenta as chances de cura da doença.

De modo geral, o consenso atual na literatura médica é que o rastreamento rotineiro do carcinoma de células renais em pacientes deve ser considerado caso a caso, especialmente na presença de fatores de risco adicionais ou no contexto de avaliação pré-transplante.

E se tenho fatores de risco como tabagismo, obesidade ou hipertensão?

Estes são fatores de risco conhecidos para o câncer renal, mas isoladamente não justificam programas específicos de rastreamento com exames de imagem periódicos. Recomendo aos meus pacientes:

• Adotar um estilo de vida saudável: reduzir ou eliminar o tabagismo, controlar o peso e tratar adequadamente a hipertensão.
• Atenção a sintomas: estar vigilante quanto a sinais como sangue na urina, dor lombar persistente ou massa palpável no abdome.
• Check-up anual: incluir exame de urina tipo I, que pode detectar hematúria microscópica, e um ultrassom abdominal anual.

Diagnóstico incidental: uma forma comum de detecção

Aproximadamente 85% dos cânceres renais são descobertos incidentalmente durante exames de imagem realizados por outros motivos. Este "rastreamento passivo" tem contribuído para:

• o diagnóstico precoce.
• maior taxa de cura do câncer renal.
• possibilitar a realização de cirurgias preservadoras renais.

Quandodiagnosticados precocemente, os tumores renais podem ser tratados com cirurgia minimamente invasiva, preservando a função renal e oferecendo excelentes taxas de cura.

Rastreamento personalizado: a melhor estratégia

A tecnologia atual nos permite realizar cirurgias minimamente invasivas mesmo para tumores complexos, com preservação do rim e excelentes resultados oncológicos. Para os nossos pacientes de Manaus, oferecemos ainda a possibilidade de** cirurgia robótica** em parceria com centros de referência em São Paulo.

Se você possui fatores de risco para câncer renal ou deseja uma avaliação personalizada,** entre em contato com nossa assistente dedicada para agendar uma avaliação.** Ficaremos felizes em atender você.